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Antioxidantes Nutricionais - Considerações finais e conclusão

A grande maioria dos estudos randomizados e controlados que utilizaram suplementação de antioxidantes em altas doses falharam em demonstrar efeito positivo na prevenção de doenças e principalmente no tratamento de doenças já estabelecidas em indivíduos de alto risco, indicando principalmente que a ingestão de antioxidantes de modo isolado não é capaz de exercer papel terapêutico. Entretanto, a dieta alimentar, continua sendo uma das principais intervenções para prevenir e tratar doenças metabólicas e cardiovasculares 75 .

Além da redução de gorduras saturadas, a inclusão de alimentos integrais, frutas e grãos tem demonstrado eficácia na redução de riscos metabólicos como resistência a insulina e diabetes 76 . Durante o processo de refinamento dos cereais e grãos (trigo, milho, soja, arroz) é retirada a película de fibra e gérmen, levando a depleção de vários nutrientes e constituintes biologicamente ativos incluindo fibras, antioxidantes, minerais e fitoestrógenos. Quando esses alimentos são consumidos o mais próximo possível da sua forma natural, com a fibra e o gérmen presentes, em alimentos como cereais matinais integrais, pães integrais, arroz integral entre outros, seus nutrientes e outros constituintes podem agir sinergicamente na redução do risco de doenças crônicas, inclusive diabetes tipo II e doenças cardiovasculares 77,78 .

De modo contemporâneo, o estudo francês SUVIMAX (Supplementation en Vitamines et Mineraux AntioXydants) 79 teve como principal objetivo estabelecer uma relação causal entre a baixa ingestão de antioxidantes e a incidência de câncer e doenças cardiovasculares. Trata-se de um estudo epidemiológico longitudinal baseado em um ensaio randomizado, controlado e duplo cego, conduzido com 13017 indivíduos saudáveis (7886 mulheres entre 35 e 60 anos e 5141 homens entre 45 e 60 anos) nos quais o impacto da ingestão diária de antioxidantes em “doses alimentares” e não terapêuticas foram observadas por oito anos. A composição do suplemento em estudo foi: 6 mg de beta caroteno; 120mg de vitamina C; 30mg de vitamina E; 100 m g de selênio e 20mg de zinco.

Resultados preliminares demonstraram a redução de 31% do risco de câncer em homens que receberam antioxidantes. Entretanto, não foi observado efeito significativo da intervenção com antioxidantes no risco cardiovascular em ambos os sexos.

De modo interessante, o estudo mostrou nenhum efeito notável na prevalência de câncer e doenças cardiovasculares em mulheres, provavelmente por elas naturalmente consumirem maiores quantidades de frutas e vegetais que os homens. As doses de antioxidantes testados no estudo SUVIMAX poderiam ser atingidas pelo consumo de 5 porções de frutas e vegetais por dia e pela inclusão de cereais e grãos integrais e óleos vegetais que geralmente apresentam alto teor de vitamina E.

Conclusão:

A produção de radicais livres é uma ocorrência natural do metabolismo. Em situações normais, uma eficiente rede de mecanismos protetores combate à existência dos radicais livres possibilitando a sobrevivência. As vitaminas antioxidantes A,C e E, apresentam valioso papel no controle do estresse oxidativo, porém a utilização medicamentosa desses nutrientes como tratamento de doenças crônicas não apresenta bases científicas, até o presente momento. Compostos fenólicos presentes nas uvas vermelhas, chá e no azeite de oliva são substâncias não nutricionais com capacidade antioxidante que auxiliam no controle das doenças crônicas modernas, em especial as cardiovasculares.

O consumo contínuo e regular de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes e compostos fenólicos, associado a uma alimentação saudável, variada e nutritiva deve ser estimulado para a prevenção de cânceres e doenças cardiovasculares, pois é a maneira mais segura e efetiva de obter os benefícios desses nutrientes.

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