Muito se fala e estuda sobre o uso das panelas de ferro como ferramenta no tratamento da anemia ferropriva.
A anemia é caracterizada pela redução dos valores de hemoglobina (proteína responsável pelo transporte de oxigênio), a níveis abaixo do normal para idade e gênero. Embora possa ser desencadeada por múltiplos fatores, a principal causa de anemia decorre da carência de ferro, a deficiência nutricional mais prevalente em todo o mundo.
Há muito tempo, a utilização de panelas de ferro é associada à prevenção e tratamento da anemia ferropriva. Mas será esta uma estratégia válida e pautada pela ciência?
De fato, diversos estudos já comprovaram que estes utensílios transferem quantidades significativas de ferro para os alimentos durante a cocção. Estima-se que o acréscimo de ferro viabilizado pelo seu uso seja capaz de suprir cerca de 10 a 20% da necessidade nutricional diária.
A migração do ferro para os alimentos sofre influência de alguns aspectos durante o cozimento. Por exemplo, um maior tempo de cocção e acidez mais elevada das preparações contribuem para o aumento da incorporação do elemento nos alimentos em questão.
Entretanto, a biodisponibilidade do ferro migrante é similar ao ferro não heme (de origem vegetal) e, portanto, sua absorção pode ser prejudicada por fatores antinutricionais e pela competitividade com outros íons inorgânicos, como o cálcio e zinco.
Ainda, não é indicado que os alimentos sejam estocados na panela após o preparo, pois podem acabar adquirindo uma quantidade excessiva de ferro, ocasionando efeitos colaterais no trato gastrointestinal.
Dadas as considerações, as panelas de ferro podem sim ser grandes aliadas no combate à deficiência de ferro e anemia, mas sempre lembrando que esta estratégia não substitui a ingestão de alimentos fontes do elemento, nem mesmo a indicação da suplementação de sulfato ferroso quando necessário.