Obesidade, epidemia global
Obesidade, epidemia mundial
Cristiane Moulin - IMeN
Celso Cukier - IMeN
Daniel Magnoni - IMeN
A obesidade está emergindo rapidamente como epidemia global. Dados do NHANES III de 1999-2000 demonstram progressão da prevalência de sobrepeso e obesidade na população americana (1). No Brasil, estudos epidemiológicos mostram que a evolução da obesidade também é ascendente (2, 3), estando 40% da população adulta com excesso de peso (4). A alta prevalência de excesso de peso no mundo provoca grande impacto na saúde pública, por estar associado a inúmeras comorbidades, como diabetes mellitus tipo 2 (DM2), hipertensão arterial (HAS) e outras doenças cardiovasculares, colelitíase, osteoartrite, apnéia do sono e certos tipos de câncer (5). Nos EUA, a morbidade relacionada à obesidade é responsável por mais de 6,8% dos gastos em saúde (6) e cerca de 300.000 mortes por ano são atribuídas a esta doença crônica (7). A perda de peso é rotineiramente recomendada para indivíduos com excesso de peso, a fim de reverter ou prevenir estas conseqüências adversas relacionadas à obesidade. Por ser uma doença crônica, requer tratamento e seguimento contínuos.
O índice de massa corporal (IMC) é o critério mais amplamente utilizado para classificação do grau de obesidade. Fornece uma medida de peso relativo, ajustado para altura (IMC = peso kg/altura m2), que permite comparações dentro e entre populações. Esta classificação é útil na identificação de indivíduos com maior risco de morbidade e mortalidade (tabela 1) (8).
Tabela 1 Classificação da World Health Organization (WHO) do peso e risco de comorbidades, de acordo com valores do IMC (8)
Classificação |
IMC (kg/m2) |
Risco de comorbidades |
Baixo peso |
< 18,5 |
Baixo (mas risco aumentado de outros problemas clínicos) |
Peso normal |
18,5 - 24,9 |
Médio |
Sobrepeso |
25,0 – 29,9 |
Levemente aumentado |
Obesidade Classe I Classe II Classe III |
³ 30,0 30,0 – 34,9 35,0 – 39,9 ³40,0 |
Moderado Severo Muito severo |
Dois tipos básicos de distribuição de gordura são descritos: abdominal central (obesidade andróide) e gluteofemoral (obesidade ginóide). A distribuição anatômica da gordura corporal também exerce influência em fatores associados à saúde, estando a obesidade central associada a maiores riscos. A quantidade de gordura abdominal pode ser estimada pela medida da cincunferência da cintura (em cm). Segundo a International Diabetes Federation, uma circunferência de cintura > 94 cm em homens e > 80 cm em mulheres é considerada obesidade central (9) (estes valores são específicos para cada etnia). Esta medida é um indicador útil de risco clínico, principalmente para HAS, DM2 ou dislipidemia (10).
Referências
- Flegal KM, Carroll MD, Ogden CL, Johnson CL. Prevalence and trends in obesity among USA adults, 1999-2000. JAMA 2002; 288: 1723-7.
- Monteiro CA, Conde WL. A tendência secular da obesidade segundo estratos sociais: Nordeste e Sudeste do Brasil, 1975-1989-1997. Arq Bras Endocrinol Metab 1999; 43: 186-94.
- Sichieri R, Coitinho DC, Leão MM, Recine E, Everhart JE. High temporal, geographic, and income variation in body mass index among adults in Brazil. Am J Public Health 1994; 84: 793-8.
- Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003: análise da disponibilidade domiciliar de alimentos e do estado nutricional no Brasil. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 2004.
- Labib M. The investigation and management of obesity. J Clin Pathol 2003; 56: 17-25.
- Wolf AM, Colditz GA. Social and economic effects of body weight in the United States. Am J Clin Nutr 1996; 63: 466S-9S.
- Allison DB, Fontaine KR, Manson JE, Stevens J, VanItallie TB. Annual deaths attributable to obesity in the United States. JAMA 1999; 282:1530-8.
- World Health Organization (WHO). Obesity: preventing and managing the global epidemic. Tech Rep Series no 894. Geneva: WHO, 2000.
- The IDF consensus worldwide definition of metabolic syndrome. http://www.idf.org.
- Hans TS et al. Waist circumference action levels in identification of cardiovascular risk factors: prevalence study in a random sample. BMJ 1995; 311: 1401-5.