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Fibras e a hipercolesterolemia

Dr. Daniel Magnoni
Nutr. Rosana Costa

A ocorrência de doenças coronarianas tem levado muitos pesquisadores a realizar estudos comparativos com populações menos atingidas por esses problemas. Os resultados encontrados tem demonstrado existir uma relação entre a prevalência crescente dessas doenças com o consumo de dietas com menor conteúdo de fibras.
Inúmeros autores publicaram nas últimas décadas, ensaios científicos comparando a ingestão de fibras e a prevalência da doença coronariana.
O trabalho de Burkitt e col. comparou a participação das fibras na dieta americana e africana, relacionando a maior prevalência da doença aterosclerótica coronariana na primeira como em parte decorrente da menor utilização alimentar de fibras solúveis.
Bijlani citou o efeito hipocolesterolêmico das fibras , especialmente em indivíduos que apresentam níveis elevados de colesterol , associado com a ingestão de dietas ricas em colesterol.
Existem algumas teorias para explicar a ação das fibras sobre o metabolismo das gorduras .
A absorção de água , pelos diferentes tipos de fibras , produz uma diluição que altera a digestão e absorção das gorduras.
Estudos realizados sobre a modificação da flora intestinal tem levado a crer que isto pode ocorrer em parte devido à um aumento da água das fezes , o que também contribuiria para a maior diluição do conteúdo fecal e consequente alteração na digestão e absorção de gorduras.
Quanto à capacidade das fibras de absorver ácidos biliares , segundo Story , isto leva a uma dupla perda de colesterol.
A absorção intestinal de colesterol depende da disponibilidade de sais biliares e fosfolipídeos para a formação de micelas . Se os níveis de ácidos biliares estão reduzidos, o resultado seria a consequente queda na formação de micelas. .
As fibras se ligam aos sais biliares no intestino , diminuindo sua reabsorção , o que resulta em menos colesterol disponível no figado para a síntese de lipoproteínas . As fibras solúveis são quase completamente fermentadas no cólon , produzindo ácidos graxos de cadeia curta , os quais podem inibir a síntese hepática de colesterol e incrementar a depuração de LDL .
Embora a absorção de colesterol seja alterada por várias fontes de fibras , nem todas produzem o mesmo efeito. A lignina tem efeito hipocolesterolêmico , enquanto a celulose pouco altera o metabolismo dos lipídeos. Já o consumo de pectina demonstra resposta positiva na redução dos níveis de colesterol.
A pectina é um polímero gelacturônico presente na casca branca interna de várias frutas, principalmente as maçãs e as frutas cítricas.
Vários estudos tem demonstrado seu efeito hipocolesterolêmico na redução do níveis séricos e hepáticos de colesterol total em indivíduos sadios.
Pesquisas realizadas por Baig e Cerda à respeito das interações que existem entre a pectina e as lipoproteínas do plasma, concluiram que quando suplementada na dieta, acarreta redução dos níveis séricos e hepáticos de colesterol, tanto em seres humanos como em animais de experimentação.
Durrington verificou o efeito da pectina em 12 homens sadios, que acrescentaram em sua dieta habitual, 5 g. de pectina em pó, 3 vezes ao dia, misturados em água ou suco de laranja, durante 4 semanas, onde os resultados obtidos foram, redução importante nos níveis de colesterol, apoproteína B e triglicérides.(7)
Juntamente com a pectina, a goma-guar, que é um polissacarídeo armazenado nas paredes celulares de leguminosas, usada como espessante em molhos, devido à capacidade de formar gel, tem demonstrado ser também um potente elemento redutor dos níveis séricos de colesterol e LDL.
Os mecanismos de ação ainda permanecem imprecisos, mas devem, estar envolvidos, com sua viscosidade e capacidade de proteção da mucosa intestinal, interferindo na absorção dos lipídeos. Outra maneira de ação dessa fibra vegetal, seria através da redução da glicemia pós- prandial e da concentração de insulina, reduzindo o estímulo para a síntese hepática de colesterol.
O uso da goma- guar a longo prazo, tem sido evitado, em consequência do seu sabor desagradável e sua alta viscosidade, mesmo quando misturada com alimentos sólidos e líquidos.
Em 1977 , estudos internacionais mostraram que 100g/dia de farelo de aveia em dietas de diabéticos , diminuiam o colesterol em 36% , o LDL em 58% e aumentava o HDL em 86% . Hoje , sabe-se que a ingestão diária de 56g de farelo de aveia associado à dieta com baixos níveis de gordura , diminui os níveis séricos de colesterol em 19%.
Embora já esteja comprovada essa ação das fibras solúveis , ainda não se conhece totalmente seu mecanismo , contudo , sabe-se que elas modificam a absorção e o metabolismo dos ácidos biliares , aumentando a excreção do colesterol. As fibras interferem ainda na absorção e metabolismo dos lipídeos e produzem ácidos graxos de cadeia curta , a partir da fermentação.
A recomendação de ingestão de fibra alimentar total para adultos é de 20 a 30 g/dia , sendo 25% ( 6 g) de fibra solúvel.
O grupo de cereais e seus derivados e as leguminosas representam boas fontes alimentares , assim como as frutas. A melhor maneira de se alcançar esta recomendação é aumentar a ingestão desses alimentos.

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