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Multidisciplinaridade possibilita tratamentos mais eficazes

A revolução do conhecimento fez com que a medicina se expandisse, o que resultou num processo contínuo de especialização da saúde. O conteúdo de conhecimento da área é hoje muito maior do que há 10 anos e o mesmo poderia ser dito naquela época. Portanto, é impossível que os profissionais estejam seguramente a par de todas as descobertas e avanços do seu ramo de atuação. Nesse cenário, a multidisciplinaridade está conquistando um espaço cada vez maior em consultórios, clínicas e hospitais de ponta, independentemente da especialidade em questão.
"O conhecimento que um grupo detém é muito maior do que aquele que apenas uma pessoa pode adquirir. É difícil um especialista ter todas as informações que precisa. Com a abordagem interdisciplinar, quem lucra é o paciente", opina o Dr. Celso Cukier, nutrólogo do Instituto de Metabolismo e Nutrição (IMmeNn), que atua com equipes multidisciplinares em cinco hospitais da capital paulista.
Na prática, a multidisciplinaridade na medicina ocorre com a formação de equipes variadas para o tratamento do paciente. É comum, inclusive, a inserção de profissionais que não sejam médicos, como nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e fonoaudiólogos. O trabalho em equipes multiprofissionais é mais freqüente no tratamento de doenças metabólicas, como obesidade e diabetes, osteomusculares e imunológicas, hipertensão arterial, cardiopatias em geral, câncer e disfagias. No entanto, ela deve ser considerada em qualquer tipo de doença.
Na cardiologia, por exemplo, o trabalho em equipe tem trazido excelentes resultados em terapias dietoterápicas de dislipidemias, hipertensão e obesidade, na reabilitação fisioterápica e no apoio psicoterápico. Outro caso é o estudo da dor, principal motivo das consultas médicas no Brasil, por si só um trabalho multidisciplinar que vem ganhando um enorme espaço nas pesquisas médicas.

Eficaz

O procedimento interdisciplinar reflete uma preocupação maior com a saúde integral do indivíduo e resulta num tratamento mais eficaz. Por mais que um especialista entenda de outras áreas, ele nunca será eficiente em todas elas. Com o trabalho em equipe, cada um fica responsável por uma parte do tratamento. Os cuidados com o paciente são mais intensivos e, conseqüentemente, os resultados são mais rápidos. Em alguns casos, a legislação médica exige, inclusive, a atuação multiprofissional, como ocorre na nutrição enteral e parenteral.
"O especialista pode até entender de outras áreas, mas não pode ser eficiente em todas elas. Isso pode até prejudicar o paciente. Com o nível de conhecimento que existe hoje, não se justifica restringir o indivíduo a apenas uma área do saber", diz o Dr. Cukier.
Para o cardiologista Dr. Carlos Daniel Magnoni, também especialista em nutrologia e nutrição parenteral e enteral, a abordagem multidisciplinar é um conceito atual e está cada vez mais presente em diversos países. "Esse processo alia parceria e atualização nas áreas específicas. Como resultado, o paciente obtém um tratamento melhor e mais eficiente", comenta. Tanto é verdade que o conceito está cada vez mais difundido nos serviços de saúde avançados. Segundo Dr. Cukier, a tendência é que o multiprofissionalismo seja adotado conforme a instituição se atualiza. "Essa abordagem é mais freqüente nos serviços mais modernos, não necessariamente nos maiores hospitais, em número de leitos. Os centros mais modernos e atualizados já contam com esse tipo de trabalho. Vai ser muito difícil atuar sem ser em equipe no futuro", comenta o médico.

Liderança

No entanto, para que esse conceito seja bem sucedido, é preciso haver uma liderança comprometida com a abordagem multidisciplinar. O Dr. Cukier ressalta a importância de que o líder respeite e saiba aproveitar o conhecimento de todo o grupo. Segundo ele, em todo serviço que atua, o Imen faz questão de adotar a mutidisciplinaridade. Os grupos são formados por médicos, nutricionistas, farmacêuticos, enfermeiros, fonoaudiólogos e psicólogos, que trabalham com nutrição clínica nos hospitais São Luiz - Morumbi, do Coração, Geral de Pedreira, Bandeirantes e Voluntários.

Obstáculos

Com tantos benefícios, a multidisciplinaridade deveria estar mais difundida, mas ainda há muitos obstáculos. Em primeiro lugar, há a questão dos custos. Numa primeira análise, o tratamento com vários especialistas é mais caro, e os pacientes tendem a procurar apenas um médico para resolver o problema. Nos serviços públicos de saúde, a adoção do conceito é ainda mais complicada.
"O tratamento com vários especialistas é mais oneroso, no entanto, quando bem conduzido, pode ser um aliado na qualidade de atendimento", opina o Dr. Magnoni.
Mas se o assunto for analisado sob a perspectiva do longo prazo, a conclusão pode ser outra. A recuperação do paciente é mais rápida, conseqüentemente, o tempo de internação diminui e a qualidade de vida aumenta."Está provado, cientificamente, que a equipe multidisciplinar consegue acelerar uma recuperação. O custo acaba sendo muito mais baixo tanto para os convênios quanto para os pacientes, já que os planos de saúde cobrem praticamente todas as atividades. O custo direto acaba não sendo tão alto", afirma o Dr. Cukier.
É importante que os convênios percebam estas vantagens. Afinal, a maioria ainda não reconhece devidamente o trabalho de profissionais como nutricionistas, psicólogos e fonoaudiólogos, o que dificulta a adoção de tratamentos mais completos. Na opinião do Dr. Cukier, se os convênios reconhecessem a atuação desses profissionais, teriam lucro no final do tratamento. Ao restringir a remuneração de algumas áreas, eles prejudicam os pacientes e a si mesmos.
Outra dificuldade para a implantação do trabalho multidisciplinar nos serviços de saúde é o preconceito de alguns profissionais. Muitos especialistas temem, por exemplo, que o trabalho de outras áreas prejudiquem o seu espaço e prejudiquem seu trabalho.
"Acho que ainda falta esclarecimento, por parte dos profissionais de saúde.Nem todos percebem que é possível atuar com outros especialistas sem que uma área invada a outra. Vejo muito receio de alguns médicos em trabalharem em conjunto", diz Cukier.

Benefícios

No entanto, a introdução do trabalho multidisciplinar não é complicada. É necessário que os profissionais aceitem sem reservas o novo conceito e contem com uma coordenação competente, que compreenda a importância de cada especialidade na recuperação do paciente.
"Para tornar viável e expandir o trabalho multidisciplinar, é importante não somente inserir o conceito nos serviços médicos, mas também difundí-lo. Isso é possível por meio da criação de equipes", comenta o Dr. Magnoni.
Já nos consultórios, é importante orientar o paciente e mostrar-lhe as vantagens de um tratamento mais amplo. Muitas vezes, ele sequer conhece as possibilidades de terapias complementares. Portanto, cabe ao médico explicar ao indivíduo os benefícios que ele pode obter ao procurar outros especialistas, sempre que necessário. Além disso, é fundamental cobrar do paciente as respostas dos outros tratamentos.

Texto adaptado de matéria acerca do enfoque multidisciplinar em medicina, publicada na revista check up, Laboratório ALTANA FARMAOutras iniciativas têm contribuído para a difusão da multidisciplinaridade. É o caso de congressos, como o Interdisciplinar de Dor da USP (Cindor), realizado entre os dias 3 e 5 de abril em São Paulo, capital. Durante o evento, ocorreram simpósios que abordaram afecções músculo-esqueléticas relacionadas ao trabalho, acupuntura, neurocirurgia funcional e dor orofacial.
Outro exemplo são os programas de medicina a distância, como a Reunião Nacional Multidisciplinar de Oncologia. O encontro, transmitido da sala de telemedicina do Hospital Sírio-Libanês pela rede Conexão Médica, vai ao ar todas as sextas-feiras, das 13h às 14h30. O programa é realizado pela Rede Brasileira de Combate ao Câncer. O objetivo da entidade é melhorar a qualidade do atendimento e a prevenção do câncer no Brasil.
Outro exemplo é a 1a Jornada Multidisciplinar Online de Odontologia e Fonoaudiologia da UFRJ, disponível no site www.super-congresso.com.br. Os inscritos têm acesso a painéis publicados por especialistas das duas áreas e à discussão do fórum online.

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