Deslizamento de fluidos da cavidade orofaríngea para traquéia influenciada pela fisioterapia…

Deslizamento de fluidos da cavidade orofaríngea para traquéia influenciada pela fisioterapia respiratória em pacientes sob ventilação mecânica

Carla de Oliveira Yokota
Ronan José Vieira
Maria Isabel Pedreira de Freitas Ceribelli

RESUMO

Pacientes sob o risco de reterem secreções traqueobrônquicas e conseqüentemente desenvolverem infecções respiratórias, principalmente a pneumonia, podem se beneficiar com a fisioterapia respiratória (FR), especialmente os pacientes criticamente doentes, acamados, sedados e dependentes de ventilação mecânica (VM).  As secreções acumuladas na face superior do  balonetes  podem estar contaminadas por microorganismos patogênicos  como as bactérias que colonizam a superfície da mucosa da cavidade orofaríngea. Esta secreção, composta por material orofaríngeo colonizado, pode chegar aos pulmões, constituindo o mecanismo primário pelo qual as bactérias ganham entrada nos pulmões tornando-se potencial causador da pneumonia aspirativa. Este estudo interdisciplinar teve como objetivo de analisar variáveis que facilitam a broncoaspiração como a idade, sexo, tempo de intubação, número e marca da cânula, nível de consciência e tempo de broncoaspiração e verificar se as manobras de FR tem influência no  deslizamento de secreções orofaríngeas para as vias aéreas inferiores, por entre a superfície externa do balonete insuflado e a parede da traquéia. Foi usado como marcador do deslizamento de secreções uma mistura de 2,0 mL de pasta de cobre de clorofilina,  adicionada a 2,0 mL de água destilada, perfazendo um total de 4,0 mL de solução, instilada com uma seringa esterilizada, com capacidade para 5,0 mL, conectada à extremidade distal da sonda de aspiração, sob a supervisão direta de um enfermeiro. Trata-se de estudo experimental prospectivo onde cada paciente lesado por trauma, dependente de VM, sedado, intubado era controle de si mesmo. No primeiro período, ele permaneceu como grupo não experimental para observação do deslizamento do corante, independentemente da realização da FR. No segundo período, ele permanecia como grupo experimental, ocasião em que foi realizada a FR. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. A amostra consistiu de 42 pacientes, sendo que 13 participaram apenas como grupo não experimental e 29 participaram do estudo nos dois grupos totalizando 58 ensaios. A ocorrência de deslizamento das secreções orofaríngeas, provocando broncoaspiração do corante, deu-se de maneira espontânea, pelo espaço entre a superfície externa do balonete e a parede da traquéia, independentemente de estar sendo realizando algum procedimento como manobras de fisioterapia, mudança de decúbito no leito ou mesmo banho no leito com o paciente em 31% dos pacientes. Com respeito à broncoaspiração dentre os 29 pacientes estudados nos dois grupos, apenas em dois pacientes (7%) foi constatada a presença do corante nas secreções traqueobrônquicas, após decorrer 30’minutos após as manobras de fisioterapia realizadas nos pacientes. Concluiu-se que pode haver a ocorrência de deslizamento das secreções orofaríngeas, provocando bronco-aspiração do corante, de forma espontânea em 31% dos pacientes. Observou-se também que quando se realiza a fisioterapia respiratória, com os exercícios deste estudo, a presença do corante ocorreu em apenas 7% dos pacientes estudados.