O Azeite, o que há de novo

Nutricionista Helena Cid

Resumo de apresentação no
II CONGRESSO PAULISTA DE NUTRIÇÃO HUMANA

A dieta Mediterrânica de referência é baseada no padrão alimentar típico de Creta e de  muitas outras regiões da Grécia e do Sul de Itália. No início dos anos 60, a esperança de vida dos adultos estava entre uma das mais elevada, mas, no entanto a incidência  de doença coronária, certos tipos de cancro e outros doenças crónicas era bem reduzido.
O azeite é parte integrante dos diferentes padrões de alimentação mediterrânea e as últimas descobertas cientificas indicam que os principais benefícios para a saúde podem ser: redução de risco de doença coronária, prevenção de uma variedade de cancros e melhoria da resposta imunitária e inflamatória. O azeite parece ser um dos melhores exemplos de alimento funcional, com componentes variados que podem contribuir, devidos às  suas propriedades promotoras de saúde. O azeite é bem conhecido pelo seu elevado teor de ácidos gordos monoinsaturados e uma espectacular fonte de fitoquímicos incluindo alguns polifenóis, escaleno e alfa-tocoferol, por exemplo.

Todo o alimento, que atravessa milénios, é um êxito, não um fracasso. O azeite é uma gordura milenar que do ponto de vista científico, ainda nos consegue surpreender. Julgava-mos que as investigações em torno do azeite já tinham chegado ao fim, mas somos confrontados  com a identificação de novas substâncias e a sua correlação com as doenças que atormentam as sociedades modernas.

O azeite, principal componente gordo da dieta mediterrânica, é caracterizado por ter uma elevada quantidade de ácidos gordos monoinsaturados e um elevado teor de componentes antioxidantes. Esta gordura exibe numerosas funções biológicas que poderão ser benéficas para a saúde. Uma dieta rica em ácidos gordos monoinsaturados confere uma adequada fluidez às membranas biológicas, diminui o risco de peroxidação lipídica que afecta mais os ácidos gordos polinsaturados. Além disto, os antioxidantes presentes no azeite são capazes de captar radicais livres e fornecem uma protecção interessante contra a peroxidação. Actuando sobre o perfil lipídico sérico, o azeite, faz diminuir os níveis plasmáticos de LDL-colesterol e aumenta as HDL-colesterol. Neste contexto, tem sido sugerida a substituição de ácidos gordos monoinsaturados em lugar de polinsaturados, o que tornaria as lipoproteínas plasmáticas menos sensíveis à oxidação e diminuindo a evolução da aterosclerose. Também existe evidência de que o azeite pode contribuir para um melhor controlo da hipertrigliceridemia que acompanha por vezes a diabetes.
Relativamente ao tubo digestivo, o azeite promove o seu equilíbrio e actua directamente sobre a digestão.  

Dos últimos estudos,  tem ressaltado que é a presença de um perfil de polifenóis único, combinado com o escaleno e o ácido oleico, que conferem ao azeite  propriedades únicas. O consumo generoso, dentro do recomendado em termos de ingestão de gorduras, de azeite extra-virgem que é particularmente rico em antioxidantes fenólicos pode conferir apreciável protecção contra alguns cancros (cólon, mama, pele), doença coronária e envelhecimento precoce por inibição do stress oxidativo.
Por outro lado, alguns estudos têm sugerido que o azeite pode ter um papel interessante ao nível das doenças inflamatórias e autoimunes, como por exemplo, a artrite reumatóide. Neste sentido, alguns autores têm encontrado que o azeite modifica a produção de citoquinas inflamatórias.
Recentemente,  investigadores Americanos,  identificaram no azeite extra virgem, um composto, o oleocanthal, que actua da mesma forma que o ibuprofeno ( substância activa dos analgésicos e anti-inflamatórios). O oleocanthal inibe as enzimas cicloxigenases, que desempenham um papel essencial como causadores de inflamações e dores.

Será que o azeite terá num futuro próximo capacidade medicinais evidentes ? … E que mais surpresas, nos pode ainda reservar a composição desta gordura milenar?