Obesidade, algumas informações…

Atualmente, a obesidade é um problema de saúde pública e já é considerada uma epidemia.

Vida sedentária, hábitos alimentares inadequados instalados na infância, propaganda, sociedade, baixo poder aquisitivo, modernidade, são alguns dos fatores que “engordam” a incidência de obesos no Brasil : três em cada dez adultos e uma em cada seis crianças tem peso acima do desejável.

A obesidade é considerada hoje uma doença crônica, que provoca ou acelera o desenvolvimento de muitas outras doenças e que causa morte precoce.

O tratamento dessa doença é muito amplo , visto que os obesos apresentam uma série de complicações :

•  sintomas como : cansaço, sudorese, dores nas pernas e coluna ;

•  aumento da mortalidade por doenças cardiovasculares ;

•  predisposição a hipertensão arterial, hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia e diminuição do HDL colesterol ;

•  alteração no padrão respiratório ;

•  má oxigenação dos tecidos ;

•  desenvolvimento de diabetes não insulino dependente ;

•  diminuição dos níveis de antitrombina III ;

•  maior incidência de osteoporose ;

•  aumento da incidência de câncer de cólon e próstata ;

•  aumento da incidência de câncer de endométrio, colo de útero e mama ;

•  mulheres obesas apresentam mais casos de ovários policísticos, irregularidade menstrual e infertilidade .

 

Várias são as classificações da obesidade :

1) quanto a etiologia :

•  infância ;

•  puberdade ;

•  gravidez ;

•  interrupção de exercícios físicos ;

•  secundária a drogas ;

•  após abandono do tabagismo ;

•  endócrina.

2) quanto ao consumo e gasto de energia :

•  hiperfagia ;

•  gasto insuficiente.

3) quanto às de células de gordura :

•  hipercelular ;

•  hipertrófica .

4) quanto a distribuição de gordura :

•  andróide ou abdominal ou central ;

•  ginóide ou femoroglútea .

Não é fácil obter uma classificação que separe com precisão obesos e não obesos porque a heterogeneidade da raça humana fez com que fosse necessária a criação de definições, cálculos, tabelas, parâmetros e avaliações ; mas qualquer que seja o método utilizado, não há como separar o termo obesidade de excesso de gordura corporal.

Para conseguirmos obter uma avaliação mais fidedigna a respeito da obesidade, não podemos abrir mão do enfoque psicodinâmico que essa doença exige.

Psicodinamicamente , seria correto considerar obesa toda pessoa insatisfeita com seu corpo e peso ideal, como sendo aquele onde a pessoa está se sentindo bem quando se olha no espelho e se gosta, sem se preocupar com o número registrado na balança. Porém, já faz tempo que a obesidade deixou de ser uma questão simplesmente estética e se tornou uma questão de saúde pública e pessoal.

Para uma definição com aplicação prática, precisamos baseá-la em critérios matematicamente definidos, como o Índice de massa corporal (IMC), hoje aceito como padrão de medida internacional para obesidade.

De acordo com o consenso Latino Americano de Obesidade, 1998 :

Classificação

IMC (Kg/m2)

Risco de doença associada

Baixo peso

< 18,5

Baixo

Normal

18,5 – 24,9

Médio

Pré obeso

25,0 – 29,9

Aumentado

Obeso classe I

30,0 – 34,9

Moderado

Obeso classe II

35,0 – 39,9

Severo

Obeso classe III

> 40

Muito severo

Em termos gerais, aceita-se que o peso ideal ou de menor risco para a saúde corresponda a um IMC de 20 – 25 e até 27 para idosos.

De acordo com a OMS, podemos considerar IMC adequado e médio para adultos :

Sexo

IMC adequado (Kg/m2)

IMC médio (Kg/m2)

Homens

20,1 – 25,0

22,0

Mulheres

18,7 – 23,8

20,0

Os valores do IMC modificam-se com a idade, portanto o NAHNES ( National Health and Nutrition Examination Survey ) considerou os seguintes valores para diagnóstico de excesso de peso em adolescentes :

Idade

IMC Homens (Kg/m2)

IMC Mulheres (Kg/m2)

12 – 14

23,8

23,4

15 – 17

24,3

24,8

18 – 19

25,8

25,8

Admite-se uma porcentagem de gordura corporal entre 15-18% para homens e 20-25% para mulheres, podendo ser considerados obesos homens com percentual de gordura acima de 25% e mulheres acima de 30%.

Outro parâmetro amplamente usado na avaliação da obesidade é o perímetro da cintura porque indica o acúmulo de gordura visceral que corresponde a uma superfície de pelo menos 130cm2 , valor relacionado com anormalidades metabólicas de risco (síndrome de gordura visceral). Para essa medida, temos como valores de referência :

Homens = > que 100

Mulheres = > que 90

Várias são as formas de tratamento ; algumas sérias e outras, nem tanto. Os métodos vão desde chás e ervas que prometem milagres até cirurgias redutoras do estômago (em casos mais graves). Contudo , a prática clínica mostra que o método ideal para combater essa doença não se baseia em apenas um pilar, muito menos em milagres .

Vários são os recursos usados para a redução de peso : dieta hipocalórica associada a reeducação alimentar, atividade física regular , suporte psicológico e muitas vezes , medicamentos.

Vale ainda lembrar algumas dicas de grande valia para o tratamento do obeso :

•  proibir o consumo de alimentos de maneira radical não ajuda em nada ; o certo é determinar a porção a ser consumida ;

•  horários para as refeições devem ser estabelecidos e seguidos ;

•  comer devagar, mastigando bem os alimentos ;

•  diminuir gradativamente a quantidade de alimentos ;

•  respeitar o hábito alimentar sempre que possível ;

•  consultar um especialista ao menor sinal de perda de controle alimentar.

Mais importante que tudo isso, é o estabelecimento de uma relação de cumplicidade e confiança entre as ambas partes envolvidas para que o sucesso do tratamento seja de todos.

Fernanda Di Cunto Coca
Nutricionista do IMeN