Adaptação de:
Ricardo P. Basile
Farmacêutico-Bioquímico
CRF/SP no. 30213
Email: basile_ricardo@hotmail.com
No início da década de 90, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, após várias pesquisas, desenvolveu e publicou a Pirâmide dos Alimentos. Observaram que o desenvolvimento de uma pirâmide alimentar auxiliaria de forma correta o ser humano a se alimentar, promovendo uma qualidade de vida melhor.
A principal característica da Pirâmide Alimentar é a flexibilidade. O uso da Pirâmide está baseado em três palavras: equilíbrio, variedade e moderação. Ela é apenas um exemplo do que você consome todos os dias, não é uma prescrição rígida, mas um guia geral que o faz escolher uma dieta saudável.
Segundo a FAO/OMS (Departamento de Agricultura dos EUA / Organização Mundial da Saúde), um cardápio balanceado deve conter, diariamente, cerca de 50 a 60% de carboidratos, 20 a 30% de lipídeos e 10 a 15% de proteína, além das vitaminas, sais minerais e fibras.
Para garantirmos que todos esses nutrientes estejam presentes na dieta diária, a FDA (Food and Drug Administration – órgão do governo dos EUA que controla a produção e comercialização de remédios e alimentos), preconiza o consumo das seguintes porções diárias de alimentos que compõe a Pirâmide Alimentar:
(1) Grupo dos Pães, Cereais, Arroz e Massas: 6 – 11 porções por dia
(2)Grupo dos vegetais: 3 – 5 porções por dia
(2)Grupo das frutas: 2 – 4 porções por dia
(3)Grupo dos laticínios: 2 – 3 porções por dia
(3)Grupo das carnes, ovos e leguminosas: 2 – 3 porções por dia
(4)Grupo das gorduras, óleos e açúcares: uso esporádico
A pirâmide alimentar separa os alimentos em energéticos, reguladores, construtores e energéticos extras. Esses alimentos devem ser consumidos em ordem decrescente, ou seja, devemos consumir em maior quantidade os energéticos (1), seguidos dos reguladores (2), dos construtores (3) e por último os energéticos extras (4), de consumo limitado.
Porém, desde 1992, foi desenvolvida uma nova versão da Pirâmide Alimentar sem tanto carboidrato, ou seja, carboidratos (Pães, Cereais, Arroz e Massas) que representavam a base da pirâmide alimentar, devendo ser consumidos em maior quantidade, agora estão presentes no topo da mesma, devendo ser consumidos com moderação, em pequena quantidade. A nova Pirâmide foi apresentada por nutricionistas que contestam a dieta tradicional.
Os fundamentos da "antiga" Pirâmide vêm sendo criticado. Uma das teorias surgiu de uma equipe de médicos liderada por Walter Willett, chefe do departamento de nutrição da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard. As razões das contestações estão apresentadas em uma publicação chamada "Coma, Beba e Seja Saudável – O Guia da Alimentação Saudável da Escola de Medicina de Harvard".
Na base da Pirâmide anterior está o grupo dos energéticos composto pelos alimentos ricos em carboidratos (arroz, macarrão, pães, batata, mandioca etc), no andar de cima o grupo dos reguladores composto pelos alimentos ricos em vitaminas e minerais (hortaliças e frutas), depois o grupo dos construtores composto pelos alimentos ricos em proteínas (carnes, ovos, leite e derivados e leguminosas) e lá no topo encontramos os açúcares e óleos que devem ser consumidos moderadamente.
Na nova versão, a base da pirâmide é ocupada pelos exercícios físicos e o controle de peso. Depois vêm os cereais integrais e os óleos vegetais, no andar de cima as hortaliças e frutas, depois as leguminosas e as frutas oleaginosas, acima peixes, ovos e frango, depois leite e derivados, e para a surpresa de todos os carboidratos que aparecem na base da pirâmide atual, na nova versão estão no topo junto com a carne vermelha e manteiga. Vitaminas e uma pequena dose de bebida alcoólica também são bem aceitos.
Segundo Walter Willett, o desenho da Pirâmide usada desde 1992, foi baseado em padrões científicos duvidosos antes de 1992 e contribui para a obesidade, a saúde deficiente e mortes precoces desnecessárias. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (órgão equivalente a um Ministério do setor) não se pronunciou sobre o assunto, dizendo apenas que não comenta sobre livros de dieta.
A nova versão está arraigada no fato de que alguns carboidratos são quebrados rapidamente no intestino e se transformam em açúcar. A elevação do açúcar no sangue pode levar a compulsão alimentar e a problemas cardiovasculares. Por esta razão os carboidratos encontram-se na ponta da pirâmide. Porém é importante lembrar que dificilmente consumimos apenas carboidratos (arroz puro, por exemplo) e desta forma sua absorção não é tão rápida, evitando a elevação da glicemia.