Soja na Nutrição Humana – Dados científicos

Soja na Nutrição Humana

Na última década, inúmeros estudos científicos comprovaram a importância de certos alimentos para a saúde das pessoas. Esses alimentos, ricos em componentes ativos, com capacidade para prevenir e, em muitos casos, até mesmo controlar doenças, passaram a ser chamados de “alimentos funcionais”. Dentre os alimentos mais pesquisados, a soja teve um destaque impressionante, sendo considerada hoje o alimento que apresenta maior quantidade de estudos científicos conclusivos. (1)
As isoflavonas, substâncias presentes na soja, pertencem à família dos polifenóis, os quais possuem importantes atividades biológicas tais como: atividade antioxidante, como é o caso dos isoflavonóides, que apresentam estrutura semelhante ao estrógeno humano e sintético (7,8,9), atividade antifúngica (10), propriedades estrogênicas (11) e atividade anticancerígena (12,13,14).  Por apresentar atividade estrogênica, estas substâncias são comumente referidas como fitoestrógenos (15

As isoflavonas da soja podem agir de três formas (24):

 Ligam-se aos receptores de estrógeno,

‚ Inibem a atividade de enzimas como a tiroxina proteína quinase

ƒ Inibem a produção de oxigênio reativo,

Em 1999, o FDA (Food and Drug Administration) autorizou o uso de alegação de saúde em alimentos contendo proteínas de soja, atestando o papel deste componente na redução do risco de doenças cardiovasculares. O FDA concluiu que, alimentos contendo proteína de soja associados a uma dieta de baixo teor de gordura saturada, podem reduzir o risco de doença cardiovascular, pela diminuição dos níveis de colesterol. Para que possa ser mencionada a alegação de saúde no rótulo, os produtos devem conter no mínimo 6,25 g de proteína de soja por porção, o que representa ¼ dos 25 g/dia encontrados pelos pesquisadores, como tendo efeito saudável para o coração (33).

Muitos estudos apontam para conclusões que têm sido unânimes: as isoflavonas diminuem os níveis de colesterol total, diminuem a fração LDL a aumentam a fração HDL no sangue. São os efeitos esperados de uma droga ou nutriente para o tratamento das dislipidemias, especialmente nos indivíduos com história familiar.

Em 1995, Anderson e colaboradores (26) publicaram no New England Journal of Medicine uma meta análise correlacionando o consumo de soja e o risco reduzido para doenças cardiovasculares. Pela combinação dos resultados de 38 estudos clínicos que investigaram os efeitos da proteína de soja sobre os lipídios séricos, os pesquisadores concluíram que um mínimo de 25g de proteína de soja/ dia, reduz os níveis de colesterol total (9,3%), LDL-colesterol (12,9%) e triglicerídios (10,5%).

As quantidades benéficas das isoflavonas não são, ainda, bem estabelecidas, porém diversos estudos indicam os teores de 45 a 55 mg/dia (75).

A dose e a duração de consumo são os principais fatores que influenciam nos resultados clínicos e biológicos das dietas ricas em fitoestrógenos. Atualmente, de acordo com a orientações do FDA, 40-60mg de isoflavonas/dia na forma de aglicona é recomendado para se obter os benefícios e essa quantidade diária é recomendada com base no consumo estimado de soja dos povos asiáticos, embora existam dados mostrando que o consumo de isoflavonas pelos orientais pode chegar a mais de 100mg/dia (33).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1.         COSTA, N.M.B. e BORÉM, A. Biotecnologia em Nutrição – saiba como o DNA pode enriquecer os alimentos. São Paulo: ed Nobel, 2003
  2.         ESAKI H, WATANABE R, ONOZAKI H, KAWAKISHI S, OSAWA T. Formation mechanism for potent antioxadative odihydroxysoflavones in soybean fermented with Aspergillus saitoi. Biosci. Biotechnol. Biochem. 1999; 63(5):851-858.
  3.         ESAKI H, ONOZAKI H, MORIMITSU Y. Potent antioxidative isoflavones isolate from soybeans fermented with Aspergillus saitoi. Bioscience Biotechnology Biochemistry.1998; 62(4):740-746.
  4.         SHAHIDI F, WANASUNDARA P.K.J.P.D. Pnenolic antioxidants. CRC critical Review Food Science and Nutrition 1992; 32(1):67-103.
  5.         NAIM M, GESTETNER B, ZILKAH S, BIRK Y, BONDI A. Soybean isoflavones. Characterization, determination, and antifungal activity. J. Agric. Food Chemistry. 1974;  22(5):806-810.
  6.         MURPHY P.A. Phytoestrogen content of processed soybean products. Food techonoly. 1982; 36(1):60-64.
  7.         COWARD L, BARNERS N.C, SETCHELL K.D.R., BARNERS S. Genistein, Daidzen, and their b-glucoside conjugates: Antutumor isoflavonas in soybean foods from American and Asian diets. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 1993;41: 1961-1967.
  8.         PETERSON G, BARNERS S. genistein and Biochanin A inhibit the growth of human prostate cancer cells but not epidermal growth factor receptor tyrosine autophosphorylation. The prostate. 1993; 22: 335-345.
  9.         DENIS L, MORTON M.S, GRIFFITHS K. Diet and its preventive role in prastatic disease. European Urology. 1999; 35 (5-6): 377-387.
  10.      SETCHELL K.D.R & ADLERCREUTZ H. Mammalian lignans and phytooestrogens. Recent studies on their formation, metabolism and biological role in health and disease. In: Role of the Gut Flora in Toxicity and Cancer (Rowland, I.R, ed), Academic Press, London, UK. Pp 15-345, 1988.
  11.      MESSINA M & ERDMAN J. W eds. First International symposium on the role of soy in preventing and treating chronic disease. Journal of Nutrition, 125, n3, p 698S-797S, 1995.
  12.      ANDERSOM J.W. et al. Meta-analysis of the effects of soy protein intake on serum lipids. N. Engl. J. Med., v.333, p.276-282, 1995.
  13.      Food and Drug Administration (FDA). Food labeling: health claims; soy protein and coronary heart disease. Federal Register. October 26, 1999;64: 57699-733.