Prof. Dr. Rubens Feferbaum
Dra. Isaura Merola faria
As emulsões intravenosas de lipídeos fornecem ao recém nascido ácidos graxos essenciais sendo importante fonte de energia concentrada (1g lipídeo = 9 kcal). As emulsões lipídicas são praticamente isosmolares ao plasma, podendo ser administradas através de veias periféricas. Atualmente dá-se preferência as soluções de lipídeos à 20% que tem a vantagem de fornecer calorias na metade do volume das de 10% além de diminuir os níveis de triglicerídeos, fosfolípideos e colesterol, que se apresentam muito próximos daqueles de recém nascidos alimentados com leite humano. Esta diferença está relacionada a menor relação fosfolípideos: triglicerídeos das emulsões de lipídeos a 20%. Quanto ao padrão dos ácidos graxos temos os TCL, TCL + TCM (triglicerídeos de cadeia longa e média em mistura física meio à meio) e futuramente o lipídeo estruturado (TCL + TCM estruturados numa mesma molécula).
Atualmente dá-se importância à suplementação de vitamina E nas soluções de lipídeos, objetivando-se diminuir a presença de radicais livres especialmente em RNPT com displasia bronco pulmonar.
A estabilidade das soluções que contém lipídeos (soluções 3 em 1) depende de vários fatores:
1. é diretamente proporcional à concentração de aminoácidos na formulação e à temperatura
2. é inversamente proporcional à concentração de glicose e à concentração de cátions
Portanto não devemos adicionar lipídeos em soluções de glicose com concentração maior que 20%, não devemos utilizar adição de dextrans de ferro (cátion trivalente) em soluções 3 em 1 e, sendo mais prudente adicionar lipídeos com concentrações de aminoácidos superiores à 2%. Cuidado com temperaturas ambientes > 250 C , proximidade de incubadoras, aparelhos de fototerapia e monitores, bem como o uso em pacientes febris por tempo prolongado.10
Em relação a exposição à luz ocorre a formação do hidroperóxido lipídico (LOOH )11 produto da peroxidação do lipídeo pela luz ambiente que se dá na ordem de 10 – 60 mM/ml aumentando sob fototerapia para 90 – 600 mM/ml o que acarreta como efeitos nocivos:
1. inativação da proteína surfactante C10,
2. formação do íon superóxido nos neutrófilos,
3. estimulação da síntese de leucotrienos e prostanóides vasoconstritores,
4. aumento da resposta inflamatória.
A administração inicial das emulsões lipídicas é de 0,5 g/kg/dia; o incremento diário é da mesma ordem atingindo o máximo de 2,5-3,0 g/kg/dia. Adicionamos o lipídeo na solução de aminoácidos, glicose e cristalóides tendo o cuidado de não ultrapassar concentrações de glicose acima de 12,5% utilizando a solução até 24 horas após o seu preparo. Recém nascidos pré termo, especialmente pequenos para a idade gestacional tem maior dificuldade na hidrólise de lipídeos pela deficiência das enzimas lipolíticas lipase lipoprotéica (LPL) e colesteral ACR transferase. Recomenda-se velocidade de infusão de lipídeos não superior a 0,15 g/kg/hora para evitar hipertrigliceridemia (> 250 mg/dl). Recém nascidos pré termo que tenham níveis de bilirrubina superiores a 50% daqueles que indicam exsangüíneo transfusão devem manter infusão de lipídeos limitada à 0,5 – 1g/kg/dia, objetivando-se a prevenção da deficiência de ácidos graxos essenciais. A utilização de heparina (0,5-1 u/ml de solução parenteral) para aumentar níveis da enzima lipolítica LPL é controversa, estando em desuso.